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Até que ponto o Óleo de Cártamo é realmente necessário?

Por Eduardo Marinho – 25 de agosto de 2016

o uso do Óleo de Cártamo

Como emagrecer nem sempre é uma tarefa das mais fáceis, uma ajuda na forma de farinhas, sementes e suplementos pode ser muito bem-vinda. O óleo de cártamo faz parte desta lista de produtos naturais que ajudam a perder peso, já que há algum tempo vem sendo utilizado para eliminar medidas e acelerar o emagrecimento.

No entanto, embora seja natural, o óleo de cártamo pode provocar efeitos colaterais e seu consumo deve ser feito mediante alguns cuidados.

A principio é importante ressaltar que o óleo de cártamo é fonte de ômega 6 e possui uma quantidade insignificante de ômega 3, o que acaba não trazendo melhorias sobre as lipoproteínas de alta densidade (HDL – colesterol bom), mas sim, sobre lipoproteínas de baixa densidade (LDL – colesterol ruim).

Em linhas gerais, isso pode trazer um ambiente propício para o estado inflamatório com risco para arteriosclerose, dislipidemias e outras patologias associadas. Pra se ter noção, existe uma relação entre os consumo dos ômega 6 e 3 que seria de 5:1, respectivamente. Mas os hábitos alimentares de nós ocidentais podem chegar a ser de 20:1, sabia? Se você ouvia que consumir óleo de cártamo lhe traria uma melhora estética, é preciso parar e pensar, pois seu consumo pode prejudicar no que diz respeito a sua saúde. Duvida? Então vamos lá…

Comentei sobre o nosso consumo alimentar ocidental e as recomendações entre o ômega 6 e 3 serem totalmente fora do que é recomendado, certo? Mas e se aplicar o consumo das fontes de ômega 6 em uma população de orientais, onde o consumo de ômega 3 é bastante alto? Colaboradores em 2012 notaram um aumento de colesterol total, triglicerídeos, LDL, glicose sanguínea, e pra piorar, notaram diminuição no HDL após 12 semanas de óleo de cártamo em seu estudo sobre a população chinesa (Chen et al., 2012).

Em japoneses, outro estudo observou medidas iniciais de marcadores para o risco cardiovascular (8-isoprostano) em 4 semanas de estudo com óleo de cártamo (Koyama et al, 2009). Outro estudo dessa vez que acompanhou pacientes com recente complicação coronária do Sydney Diet Heart Study, entre os anos de 1966 a 1973. Os pesquisadores conseguiram encontrar fortes associações entre o grupo que recebeu a suplementação de óleo de cártamo sobre o controle, como por exemplo, maior taxa de mortalidade, incidência de doenças coronárias e cardiovasculares, e até um maior número de mortos ao final do estudo (Ramsden et al.,  2013).

Na população onde o consumo de ômega 6 já é bastante elevado, será que isso traria resultados negativos? Colaboradores em 2011 resolveram aplicar a suplementação de óleo de cártamo sobre mulheres pós-menopáusicas e diabéticas do tipo 2 sobre norte-americanas em um período de 16 semanas. Sabe qual foi o resultado? O óleo de cártamo não mostrou nenhuma melhora sobre lipídios sanguíneos, glicemia e marcadores de inflamação no soro em relação ao grupo controle (Asp et al., 2011).

Em estudos que observaram se houve uma resposta significativa da composição corporal, alguns outros foram muito inconclusivos (Norris et al., 2009; Pfeuffer et al., 2011) o que mostra que não é sustentável essa possível perda de gordura com oscilação entre o início e o final do estudo, bem diferente da associação entre exercício físico orientado e a importância de uma boa e correta nutrição.

Para fechar o assunto, trago a conclusão de uma revisão de pesquisadores brasileiros publicada na conceituada Journal of the International Society of Sports Nutrition de 2015, na qual os pesquisadores além de encontrarem possíveis efeitos adversos do ácido conjugado linolênico (CLA), que são os ômega 6 já relatados acima sobre o perfil lipídico e glicêmico, foram encontrados resultados bastante discordantes sobre a composição corporal com uma aplicação clínica muito baixa, o que carece de estudos mais controlados em diferentes populações e resultados positivos para obter um grande corpo de estudos e posteriores aplicações fiáveis (Lehnen et al., 2015).

Bem, agora fica com você. Se preferir arriscar uma possível (quase mínima) ação do óleo de cártamo e todos os riscos já relatados em diferentes populações, vai em frente. Agora se quiser resultados naturais e saudáveis, sem efeitos adversos, porém sustentável, isso é com o profissional de educação física + nutricionista.

 

Referências Bibliográficas:

Asp ML, Collene AL, Norris LE, Cole RM, Stout MB, Tang SY, et al. Belury MA. (2011). Time-dependent effects of safflower oil to improve glycemia, inflammation and blood lipids in obese, post-menopausal women with type 2 diabetes: a randomized, double-masked, crossover study. Clin. Nutr. 30(4), 443-449.

Chen SC, Lin YH, Huang HP, Hsu WL, Houng JY, Huang CK. (2012). Effect of conjugated linoleic acid supplementation on weight loss and body fat composition in a Chinese population. Nutrition. 28(5), 559-65.

Koyama N, Suzuki K, Furukawa Y, Arisaka H, Seki T, Kuribayashi K, et al. Takahashi M. (2009). Effects of safflower seed extract supplementation on oxidation and cardiovascular risk markers in healthy human volunteers. Br. J. Nutr. 101(4), 568-575.  

Lehnen TE, da Silva MR, Camacho A, Marcadenti A, Lehnen AM. (2015). A review on effects of conjugated linoleic fatty acid (CLA) upon body composition and energetic metabolism. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 12(1), 1-11.

Norris LE, Collene AL, Asp ML, Hsu JC, Liu LF, Richardson JR, et al. Belury MA. (2009). Comparison of dietary conjugated linoleic acid with safflower oil on body composition in obese postmenopausal women with type 2 diabetes mellitus. The American journal of clinical nutrition, 90(3), 468-476.

Pfeuffer M, Fielitz K, Laue C, Winkler P, Rubin D, Helwig U, et al. Bub A. (2011). CLA does not impair endothelial function and decreases body weight as compared with safflower oil in overweight and obese male subjects.Journal of the American College of Nutrition, 30(1), 19-28.

Ramsden CE, Zamora D, Leelarthaepin B, Majchzak-Hong SF, Faurot KR, Suchimdran CM, et al. Hibblen JR.  (2013). Use of dietary linoleic acid for secondary prevention of coronary heart disease and death: evaluation of recovered data from the Sydney Diet Heart Study and updated meta-analysis. BMJ, 346, e8707.

 

Eduardo Marinho

Eduardo é de Maceió, Nutricionista (CRN6 -23413/P), Pós-Graduando em Nutrição Esportiva. Praticante de musculação e atleta de Handebol. Gosta de escrever sobre assuntos relacionados s sua área de estudo, disponibiliza no DT com o intuito de contribuir com a comunidade.

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  • Estou começando agora e suas dicas são as melhores que encontrei e me ajudam muito parabéns pelo seu trabalho e seus textos super esclarecedores obrigada!

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