Por Fernando Paiotti – 11 de agosto de 2017
Para entendermos bem todo este contexto, e respondermos estas perguntas de forma caprichada, precisamos levar cinco fatores em consideração: ângulo de penação, adaptação neural e volume, comprimento e arquitetura musculares.
De fato, há uma forte relação entre volume muscular e força, tendo isto sido investigado em 1977, pelo pesquisador norman, que demonstrou que cada cm² de área muscular é capaz de produzir 9kgf (quilograma-força).
Sendo assim, quanto maior a massa muscular, em tese, maior será nosso potencial de produzir força.
O ângulo de penação, de forma simplificada, diz respeito ao ângulo que nossas fibras se dispõem em relação ao eixo principal do músculo.
Pelo trabalho de ikegawa et al., 2008, temos que, quanto maior o volume muscular do sujeito, maior é o ângulo de penação de suas fibras, porém, isto passa a não ser muito bom em níveis extremos de hipertrofia, uma vez que parte do esforço que o indivíduo faz, para gerar força, é perdido, pois as fibras acabam não atuando de maneira ótima, digamos assim (tecnicamente, a componente horizontal da força, que seria o esforço “perdido”, é aumentada, e a vertical, diminuída).
Sendo assim, neste contexto do ângulo de penação, vimos que a capacidade de gerar força aumenta até um certo limite ótimo, porém, ela não consegue crescer proporcionalmente ao aumento de volume muscular, pois parte dela começa a ser perdida.
É por isso que, de maneira geral, os fisiculturistas, apesar de possuírem um volume muscular muito maior do que os powerlifters, não conseguem erguer as mesmas cargas que eles, sendo menos fortes.
E digo “menos fortes” para deixar claro que fisiculturistas são bastante fortes sim, tendo existido diversos monstros, feito ronnie coleman (oito vezes campeão do mr. Olympia), que levantavam cargas colossais em seus treinamentos, porém, participavam de um esporte onde o mais importante não era a força, mas sim o shape.
E o contrário também vale: tivemos atletas de powerlifting e strongman com volume e definição musculares incríveis, rivalizáveis com os de muitos fisiculturistas, sendo o caso mais famoso o do polonês mariusz pudzianowski (pentacampeão do world’s strongest man).
Sim, pois não só de volume muscular a força é feita e você deve ter reparado nisso quando começou a praticar musculação: a cada semana de treino, sua força aumentava, permitindo que cada vez mais carga fosse utilizada, porém, seu corpo continuava igual, sem massa muscular desenvolvida. Como explicar?
Durante as 12-20 primeiras semanas de treino, ocorre uma adaptação chamada de neural, que basicamente é um período de aprendizado onde seu sistema nervoso central está se organizando para melhor realizar os movimentos, por exemplo, aumentando a frequência de disparos de potenciais de ação, melhorando a sincronização de atuação das fibras de um mesmo músculo e de um grupamento com o outro, para que ocorra sincronia. Além disso, também são criados canais de inibição para que a musculatura antagonista não fique agindo ao mesmo tempo da agonista.
Dependendo do tamanho do músculo durante a contração muscular, ele será capaz de realizar maior ou menor número de ligações entre actina e miosina, podendo produzir mais ou menos força.
Tendo isto em mente, na prática, acabamos observando que sempre a metade do movimento é a parte mais fácil, pois é quando estabelecemos o maior número de ligações. Por outro lado, no início e no final, a quantidade de pontes é menor e o exercício parece mais difícil. Imagine-se realizando, por exemplo, a rosca direta, e tudo isto fará sentido.
Nossos músculos têm diversos formatos (arquiteturas) e este é um fator muito relevante na hora de gerar força: músculos chamados oblíquos têm maior potencial de gerar tensão, pois possuem uma grande quantidade de fibras por área. Por outro lado, os fusiformes têm grande capacidade de alongamento, podendo atuar em amplitudes maiores.
No artigo de hoje, vimos que há grande relação entre força e tamanho/volume muscular, porém, com alguns aspectos que devem ser levados em consideração, fato que torna a análise um pouco delicada, gerando diversos mitos como “fulano só tem tamanho! Fica tomando bomba e não tem força, blablablá”.
Ocorre que quanto maior o volume, maior a área muscular, portanto, melhor potencial para gerar força, porém, como isto acaba influenciando diretamente no ângulo de penação, nem tudo que é produzido é aproveitado, sendo parte do esforço perdido.
Tenha em mente que isto não pode ser tomado de forma radical, uma vez que temos fisiculturistas extremamente fortes, assim como atletas de levantamento de peso bastante hipertrofiados. A grande diferença aqui surgirá em competições de alto nível, onde a especialização do tipo de treinamento fará diferença entre ser o campeão ou não.
Por fim, vimos que há outros fatores que podem influenciar na geração de força, como as adaptações neurais, a fase do movimento e a arquitetura muscular.
Ficamos por aqui! Espero ter ajudado um bocado com este artigo no desenvolvimento do senso crítico de vocês e também tirado dúvidas sobre a associação tamanho e força! Não se deixem orientar por amadores e aventureiros: aceitem apenas informações de profissionais altamente qualificados e atualizados, que sabem do que estão falando, pois estudam constantemente, conhecem a prática de trabalho e se baseiam em ciência, e não em achismos, lendas e tradições.
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COMENTÁRIOS
Cabe o ditado que tamanho não é documento, muito com o artigo.
Muito bom essa pesquisa, está de parabéns!