Se você achou o post Hipertensão e Musculação grande, só lamento por este! rs. Meus nobres e jovens anciões, o mundo fitness vem sofrendo de pouco tempo até agora um grande bum, o que sinceramente acho ótimo e acredito que pode ser uma maneira de conscientizar as pessoas sobre a importância da atividade física em suas vidas, por outro lado, o que venho acompanhando nas redes sociais é certa banalização do corpo e algumas disputas de espaço completamente desnecessárias #teamisso #teamaquilo, o grande problema não são os #teams, mas sim como os profissionais tem se comportado diante da população leiga. Ora, se você tal como eu, é um Educador Físico, lembre-se que a educação vem antes do físico e que mente e corpo devem andar juntos.
Uma vez que uma pessoa obesa lhe critica por não conhecerem os componentes do mundo da atividade física, cabe a cada um de nós explicarmos o que vale a pena ou não, o que faz mal à saúde ou não, o que é realizável e o que é ato circense, somos antes de tudo, educadores. Do contrário jamais seremos treinadores de respeito. Vejam bem, não é uma revolta e sim uma justificativa do porque este e os próximos artigos irão abordar grupos especiais e a musculação, tal como o foi feito com HIPERTENSOS NESTE ARTIGO. Seguindo a lógica de risco e sem mais delongas, tratemos de falar um pouco sobre a diabetes e a musculação.
O que é Diabetes?
O Diabetes Mellitus é uma disfunção no metabolismo de carboidratos, caracterizado pelo excesso de glicose (açúcar) no sangue (hiperglicemia), devido à falta ou ineficiência da atuação de um hormônio produzido pelo pâncreas, a insulina. Outro hormônio de fundamental importância neste equilíbrio, e também produzido pelo pâncreas, é o glucagon, que por sua vez possui papel oposto ao da insulina.
A insulina age no organismo humano facilitando o transporte da glicose do meio extra para o meio intracelular (principalmente em músculos), promovendo a glicogênese transformando glicose em glicogênio (acumulado nos músculos e fígado), e inibindo a gliconeogênese (formação de glicose a partir de outros substratos). Logo, a insulina atua de maneira consistente quando os níveis de glicose estão acima dos níveis normais, trazendo os mesmos para a normalidade.
De maneira oposta, o glucagon, quando em quadros de baixa concentração de glicose circulante (hipoglicemia), é secretado pelo pâncreas promovendo a glicogenólise (quebrando moléculas de glicogênio no fígado) e aumentando a gliconeogênese, aumentando desta maneira os níveis de glicose circulante no sangue, conforme figura abaixo:
Basicamente, o Diabetes Mellitus afeta o funcionamento da insulina, cessando ou reduzindo sua excreção (Diabetes tipo I – figura 2) ou impedindo que a mesma conduza a glicose para o meio intracelular (Diabetes tipo II – figura 3), provocando assim um quadro de hiperglicemia, da qual parte é excretada pela urina (glicosúria).
A ausência de glicose no meio intracelular é a causadora dos sintomas apresentados por esta disfunção metabólica, como micção frequente, apetite aumentado, perda de peso (mesmo em pessoas obesas), cansaço excessivo, vista embaçada ou visão turva, infecções frequentes (principalmente de pele).
Bom, se o Diabetes (tanto o tipo I quanto o tipo II) dificulta a entrada da glicose no meio intracelular, ele também aumenta o risco de aparecimento de doenças, tais como, hipertensão, arterial coronariana, vasculares, vascular periférica, toxemia durante a gravidez, hiperinsulinemia, retinopatia diabética, nefropatia diabética, neuropatia periférica e neuropatia autônoma.
A partir de agora precisaremos dividir as populações em diabético tipo I e diabético tipo II.
Diabetes Tipo I
Caracterização – Este possui uma incapacidade (ou capacidade reduzida) de produção de insulina pelo pâncreas; Estão propensos à hipoglicemia durante ou imediatamente após a atividade física, pois o fígado falha em liberar glicose.
Relação Volume x Intensidade – Manter repetições altas (em torno de 20) e reduzir aos poucos para algo em torno de 10 a 15, sem NUNCA chegar ao ponto de fadiga muscular momentânea; manter baixo volume de séries, não estendendo a sessão de treino em mais de 30 a 40 minutos (risco de hipoglicemia); intervalo de recuperação normal, evitando alta intensidade relativa.
Diabetes Tipo II
Caracterização – Possui produção e liberação de insulina normalizada, mas com baixa capacidade de resposta das células alvo à ação da insulina (alta resistência à insulina), desta maneira a insulina não consegue desempenhar seu papel de transporte da glicose para o meio intracelular; Grande parte desta população é obesa.
Relação Volume x Intensidade – Dado o fato de a população ser obesa e hipertensa, recomendam-se repetições entre 15 a 20, também sem atingir o ponto de fadiga muscular momentânea; nesta população em especial, manter um volume de trabalho por sessão de treino moderado com duração entre 40 a 60 minutos; podem-se explorar intervalos de recuperação um pouco mais baixos que 1 minuto, pelo fato de a intensidade absoluta de carga ser baixa.
Frequência de treino e duração dos mesmos – Tanto nos Diabético tipo I quanto no Diabético tipo II, a frequência ideal sugerida pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva, é de 3 a 5 vezes semanais em razão de o exercício poder aumentar a sensibilidade à insulina em até 40%, contudo esta é uma adaptação aguda (perde-se em 2 a 3 dias) e recomenda-se a iniciação de corpo inteiro na musculação e, posteriormente, divisão de treino em corpo inteiro.
Em ambas as populações (Tipo I e Tipo II) as respostas ao exercício são muito lentas, logo o ideal é que cada mesociclo apresente uma duração mínima de 8 semanas, permitindo adaptações orgânicas.
Trocando em miúdos: Todo diabético antes de iniciar sua prática, deve ser considerado antes um candidato à prática da atividade física, submetendo-se a exames médicos e nutricionais para que haja acompanhamento multidisciplinar afim do melhoramento e preservação da saúde.
A hashtag que deve ser citada é o #TeamSaúde ! O resto é bobeira… Parabéns pelo excelente post!
… Sou diabético tipo 1 há anos, tenho acompanhamento de nutricionista e endócrino e meu controle está excelente. Eu treino pesado NORMALMENTE.
Creio que me conheço bem e por isso sei o que devo fazer antes, durante e depois. Nunca tive qualquer problema.
Essa orientação com “restrições” de treino são para manter uma margem de segurança para não ocorrer nada, o que obviamente, também restringe os resultados. É muito comum os profissionais darem esse tipo de informação por não saber exatamente até onde pode ir, e claro, cada organismo é de um jeito.
Tenho 37, e portador de diabetes tipo 2, e depois de dois anos de dietas e aeróbicos cheguei a um emagrecimento satisfatórios. Há 2 meses iniciei meus treinos de musculação com uma dieta nada restritiva, anabólico mesmo, mas sempre acompanhando os níveis de insulina no sangue.
Resumindo: Estou tendo ganhos maravilhosos de massa muscular, meu corpo está secando mais rápido. Creio que com o aprimoramento nos treinos e dieta adaptada e constância vou ter meus níveis de glicose como de uma pessoa normal.