Conheça os riscos da Caminhada para Perder Peso

caminhada para perder peso

No artigo de hoje iremos discutir sobre a caminhada para perder peso: uma das atividades mais básicas escolhidas por quem quer perder peso, especialmente por obesos e idosos. Porém, será que ela é tão segura quanto as pessoas imaginam? Veremos que não. Boa leitura!

 

A biomecânica da Caminhada

 

O primeiro ponto que precisamos deixar claro é que caminhada e corrida são coisas muito diferentes, não sendo correto diferenciá-las pelo critério da velocidade, uma vez que podemos correr devagar e caminhar bastante rápido.

Sendo assim, o que separa estas duas atividades é a presença ou ausência do momento de duplo apoio. Explico melhor: quando corremos, não existe, em nenhuma fase, um intervalo onde nossos dois pés estão em contato com o solo, porém, na caminhada, isto ocorre quando entramos com o calcanhar de um lado e retiramos a ponta do pé do outro.

Passada essa diferenciação, agora vejamos o que ocorre durante a caminhada: do momento em que o pé toca a superfície, até que ele saia, temos um intervalo de 700 milissegundos e recebemos, como impacto em nossas estruturas (tornozelo, joelho, etc.), o equivalente a 1,2 a 1,5 vezes o nosso peso corporal, sobrecarga esta que dependerá da velocidade com que estamos fazendo esta ação. Sendo assim, um indivíduo de 100kg receberá impactos entre 120 a 150kg em seu corpo, oriundos de forças externas.

Num primeiro momento, isto parece bastante baixo, e de fato o é, pois 1,2 a 1,5 é um dos menores impacto que geramos em nosso corpo: se ele fosse menor do que nosso peso corporal, nem conseguiríamos andar, afinal, temos de vencer nosso próprio peso para caminhar, caso contrário, iríamos apenas nos arrastar.

Sendo assim, em tese, a caminhada seria uma atividade bastante segura, podendo ser utilizada por pessoas que têm diversos graus de comprometimento para participarem de exercícios físicos, como idosos e obesos, por exemplo, no entanto, na prática, isto não se verifica e a caminhada pode ser uma atividade problemática. Vejamos o porquê:

 

Caminhada para idosos?

 

O padrão de caminhada de um idoso é bastante diferente do de uma pessoa mais jovem, uma vez que uma das coisas que vamos perdendo com o envelhecimento é o equilíbrio, sendo assim, aquela fase onde nossos dois pés estão no chão, chamada de duplo apoio, é mais demorada neles, o que acaba sendo problemático, uma vez que eles gastam mais energia para andar, tornando o caminhar algo cansativo (tecnicamente, o que ocorre é que nesse momento de duplo apoio, acumulamos e restituímos energia por deflexão do corpo, porém, se isto não for feito de forma rápida, o que é armazenado é perdido, fazendo-nos gastar mais energia, incrementando o cansaço).

Mas este não é o grande problema deste tópico, sendo apenas um detalhe agravante. O ponto realmente delicado é o fato de as estruturas corporais dos idosos, especialmente dos sedentários, estar fragilizada, por conta de perda de massa óssea e muscular, além de enfraquecimento de tendões e ligamentos.

Sendo assim, quando um profissional de educação física capacitado prescreve caminhada a um idoso, ele deve planejar muito bem a quantidade de treinos, a duração destes, a velocidade que será utilizada e a quilometragem a ser percorrida em cada ciclo do programa. Além disso, utilizará atividades complementares, como treinamento de força, de potência, de alongamento e, quem sabe, funcional, para incrementar flexibilidade, hipertrofia, força e equilíbrio do indivíduo, melhorando ainda mais a sua saúde, protegendo-o também de lesões.

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Em outras palavras, não basta falar coisas sem sentido como “ah, faz caminhada que é bom! Caminhada vai ajudar o(a) senhor(a)! Caminhe um pouquinho todo dia!”, pois isto não significa nada, uma vez que a prescrição de exercícios não é tão simples como as pessoas gostam de acreditar, rebaixando a atuação do profissional de educação física… Não é à toa que se estuda no mínimo quatro anos para nos tornar um bacharel (se ele exercerá bem a profissão ou não, aí é outra história).

Ignorando estas recomendações, no médio prazo o que o idoso ganhará será um aumento desnecessário de sobrecarga, que poderá gerar, dentre outros problemas, uma fratura por stress, por exemplo, assim como tendinites, agravamento de uma dor lombar crônica ou condromalácia já existente, e por aí vai…

Como se tudo isto não bastasse, repare no seguinte: o idoso começou a fazer caminhada porque ele queria melhorar sua qualidade de vida, certo? Aí ele fez a atividade sem orientação e se lesionou poucos meses depois, fato que irá torná-lo ainda menos ativo do que quando ele começou a se exercitar, ou seja, ele não apenas não melhorou, como regrediu, piorando sua qualidade de vida!

Portanto, mais uma vez, apenas profissionais capacitados e experientes podem lidar com treinamento desta população, pois ela não admite erros, uma vez que eles poderão custar a vida do sujeito.

 

Caminhada para obesos?

 

O problema do obeso não é o enfraquecimento das estruturas corporais, como acontece no envelhecimento, mas sim o próprio excesso de peso corporal.

Conforme mencionado anteriormente, quando caminhamos, recebemos um impacto de 1,2 a 1,5 vezes nosso peso corporal, o que, num primeiro momento, é bastante aceitável, porém, para pessoas dentro de uma faixa de peso adequada: quando estamos falando de pessoas obesas, isto começa a ser problemático.

Tanto é que, apenas para que o leitor tenha uma noção do impacto que um obeso leva numa caminhada, farei uma comparação: quando um indivíduo de 70kg corre a 18km/h, o que é muita coisa, ele leva um impacto de 161kg em suas articulações, que é praticamente a mesma sobrecarga que um obeso de 120kg recebe quando caminha devagar… Assustador, não?

Sendo assim, a caminhada não é tão inofensiva quanto se imagina não, e aqui os efeitos colaterais do inadequado planejamento do treinamento são tão graves quanto do idoso, por exemplo, com degeneração da cartilagem articular do joelho (doença esta que é irreversível e causa dores absurdas), aumento de pressão nos pés, dor lombar crônica, tendinites, etc.

Quer dizer então que o obeso não pode caminhar?! Claro que pode, assim como utilizar atividades aeróbias de muito menor impacto e treinos complementares, como a musculação, para fortalecer as estruturas e perder peso, porém, isto é prescrito individualmente pelo profissional de educação física, que é quem irá dosar a carga dos programas, frequência, duração, intensidade, entre outros fatores.

Em minha opinião, o cenário do obeso é o pior de todos, pois as pessoas recorrem a métodos insanos para emagrecer, sobretudo por falta de orientação, não sendo difícil ver alguém os incentivando a loucuras como corrida, crossfit e hiit: se a caminhada já era um bocado arriscada, podendo gerar lesões, imagine, então, os aeróbios de alta intensidade!? Teremos mais um futuro obeso lesionado sedentário, ex-praticante de atividade física, que acabará engordando ainda mais, estando numa situação pior do que a inicial…

 

Considerações finais

Minha ideia com o artigo de hoje, foi mostrar que a caminhada, apesar de parecer inofensiva, na verdade não o é e pode trazer mais malefícios do que benefícios se for utilizada de forma incorreta por alguns grupos populacionais.

Além disso, também procurei chamar a atenção do leitor para a seriedade com que devemos encarar a prescrição do exercício, sendo que esta só deve ser feita por profissionais de educação física capacitados, e não por amadores ou indivíduos de outras áreas, sobretudo porque eles não estudaram a atividade física e o esporte como nós o fizemos, desconhecendo os riscos que podem estar trazendo à saúde das pessoas.

Sendo assim, espero que tenham gostado e, principalmente, desenvolvido senso crítico acerca do tipo de serviço que muitos profissionais prestam por aí: exija qualidade e só aceite orientações de profissionais altamente qualificados e atualizados, que sabem do que estão falando, pois estudam constantemente, conhecem a prática de trabalho e se baseiam em ciência, e não em achismos, lendas e tradições. Bons treinos e até a próxima!

 

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Fernando Paiotti
Bacharel em Educação Física pela Universidade de São Paulo (EEFE-USP), Mestrando em biomecânica pela EEFE-USP e Bacharel em Direito pela USP. É especializado em fisiologia e biomecânica do exercício, tendo realizado pesquisas na Universidade do Porto, em Portugal, e Tsukuba, no Japão, como bolsita da USP. Conta com mais de 15 anos de experiência em atividade física e atua como personal trainer, consultor online em musculação e em corrida e como colunista em alguns sites.

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